Ensaio clínico POST-PCI. A realização de prova de esforço por rotina após angioplastia coronária não reduz o risco de eventos cardiovasculares – “less is more”
Ref: Park DW et al. “Routine Functional Testing or Standard Care in High-Risk Patients after PCI.” N Engl J Med. 2022 Sep 8;387(10):905-915. doi: 10.1056/NEJMoa2208335
CONTEXTUALIZAÇÃO
O uso de testes funcionais (provas de esforço ou testes de sobrecarga farmacológica) é largamente usada na prática clinica, principalmente nos doentes que já foram revascularizados previamente. As guidelines da revascularização miocárdica da ESC publicadas em 2018 apresentam uma recomendação classe IIb para considerar a realização rotineira de provas funcionais um ano após angioplastia (e até mais cedo nos doentes de elevado risco trombótico).
No entanto, existem poucos dados de ensaios clínicos randomizados para apoiar esta recomendação, existindo muita incerteza sobre os potenciais riscos e benefícios desta estratégia.
No entanto, existem poucos dados de ensaios clínicos randomizados para apoiar esta recomendação, existindo muita incerteza sobre os potenciais riscos e benefícios desta estratégia.


METODOLOGIA DO ESTUDO E RESULTADOS
Neste ensaio clínico randomizado, 1.706 doentes sul-coreanos de alto risco trombótico que foram submetidos a angioplastia coronária foram randomizados após o procedimento para a realização de testes funcionais um ano após revascularização ou para tratamento habitual. Os testes funcionais usados incluíram a realização de provas de esforço com ECG ou testes de imagem com sobrecarga farmacológica (através de ecocardiografia ou testes nucleares).
Após dois anos de seguimento, não foram encontradas diferenças significativas entre os dois grupos no que diz respeito a taxa de mortalidade por todas as causas, EAM ou internamentos por angina instável. No grupo submetido rotineiramente a exames funcionais, os autores destacam uma tendência (embora não estatisticamente significativa) para a realização mais frequente de angiografia coronária e revascularização coronária, sem que isto traduzisse numa melhoria dos outcomes clínicos.
Após dois anos de seguimento, não foram encontradas diferenças significativas entre os dois grupos no que diz respeito a taxa de mortalidade por todas as causas, EAM ou internamentos por angina instável. No grupo submetido rotineiramente a exames funcionais, os autores destacam uma tendência (embora não estatisticamente significativa) para a realização mais frequente de angiografia coronária e revascularização coronária, sem que isto traduzisse numa melhoria dos outcomes clínicos.

Mensagem para a prática clínica:
Mesmo em doentes de alto risco trombótico, a realização rotineira de provas de esforço ou exames funcionais de imagem após angioplastia não melhora o prognóstico nem reduz a taxa de eventos cardiovasculares recorrentes pelo que esta prática não deve ser recomendada.
Este estudo aguarda ainda publicação. Mais informação disponíveis em: aqui.
MAIS ARTIGOS
CARDIOLOGIA
Ensaio Clínico DELIVER – A Dapagliflozina reduz o risco de eventos cardiovasculares nos doentes com insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada
#eventoscardiovascular
CARDIOLOGIA
Ensaio Clínico TIME – A cronoterapia na hipertensão arterial não reduz o risco de eventos cardiovasculares
#cronoterapia
#pressaoarterial
CARDIOLOGIA
Ensaio Clínico SECURE – A simplificação da medicação crónica com a estratégia de “polypill” pode reduzir a taxa de eventos cardiovasculares
#aspirina
#eventoscardiovasculares