Recomendações para a administração de suplementos e vitaminas para a prevenção de doença cardiovascular

Ref: JAMA. 2022;327(23):2326-2333.
doi:10.1001/jama.2022.8970

CONTEXTUALIZAÇÃO

A toma de suplementos e de vitaminas pelos nossos doentes é uma questão cada vez mais relevante na prática clínica até porque muitas vezes não existe evidência científica do seu benefício. Por exemplo, só nos EUA a população gasta, todos os anos, 50 mil milhões de dólares na toma de suplementos vitamínicos e mais de 50% da população adulta diz que toma algum tipo de suplemento. É um mercado muito mediatizado, porque anualmente a indústria dos suplementos investe mais de 900 milhões de euros em marketing à população.

Na edição deste mês da JAMA são publicadas as recomendações da US Preventive Task Force sobre a toma de suplementos vitamínicos. Este documento inclui ainda uma revisão sistemática e meta-análise dos resultados de 84 estudos que foram avaliar este tema.

Recomendações para a administração de suplementos e vitaminas para a prevenção de doença cardiovascular
Cardio4all

Mensagem para a prática clínica:

Podemos resumir estas recomendações em algumas mensagens para a prática clínica:

1) A suplementação com beta-carotenos pode causar danos à saúde (aumento da mortalidade total e cardiovascular) e deve ser desaconselhada;

2) Os dados existentes permitem concluir que não há benefício para suplementação com vitamina E

3) Os estudos existentes com suplementos multivitamínicos não mostraram benefícios na mortalidade total, mortalidade cardiovascular ou mortalidade por cancro; a evidência é limitada pela heterogeneidade dos suplementos, seguimento curto e pela variabilidade dos estudos;

4) Relativamente aos suplementos de vitamina D, existem 27 estudos que analisaram os seus efeitos, não se tendo observado diferenças significativas em termos de mortalidade total, mortalidade cardiovascular, risco de eventos cardiovasculares ou mortalidade por cancro;

5) Também não existe evidência de benefício de suplementos de vitamina C, cálcio ou selénio.

Como é referido no Editorial deste estudo, para além do desperdício de dinheiro, o foco da população na toma de suplementos e vitaminas é sobretudo uma “harmful distraction”, porque a sua toma distrai os doentes da importância de adoção de uma dieta equilibrada, da prática de exercício físico, de manter um peso saudável e da relevância de não fumar.

Pode aceder à publicação completa aqui.

Pode aceder ao editorial aqui.

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